Pesquisar este blog

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Preconceito

                                                                 Di Cavalcante

tais luso de carvalho


Todos sabemos: preconceito não é nada mais do que uma idéia preconcebida, antecipada; o não gostar sem saber o porquê, estabelecer diferenças entre as pessoas sem razão para tal.

Pois bem, todos fomos, alguma vez, preconceituosos. Uns mais, outros menos. Mas fomos, infelizmente. Isso é próprio do ser humano.

O preconceito racial é bem conhecido e não preciso deter-me muito nele. Sabemos que as manifestações são violentas, principalmente contra os negros - eles têm, sim, suas razões para odiarem o mundo, mas de nada vai adiantar dizer que um erro não justifica o outro. Foram arrancados de sua pátria, escravizados em mundos diferentes e, ainda, torturados num certo Pelourinho, hoje lindo e maravilhoso, todo colorido, lugar ideal pra turista tirar fotografias e rir não sei de quê.

O preconceito está sempre presente e não precisa esforço para encontrá-lo. Ele está nas religiões, nas seitas - cada uma achando que a sua doutrina é a verdadeira, a única. Vamos encontrá-lo no pobre, no trabalhador de baixa instrução, nos homossexuais, nos velhos, deficientes, gordos, feios, baixos, gigantes ou ateus. E, por aí vai; não existe mais gente, existem categorias e grupos prontos para serem discriminados.

Ouvi de um casal de amigos, ambos obesos, que a mulher gorda é mais descriminada do que o homem gordo. Eu não tinha pensado nisso; a discriminação ainda tem subdivisões!

A gordura tem identidade. A gorda jovem é mais discriminada do que uma gorda idosa. A gorda idosa é perdoada porque é idosa; mas a jovem já leva um apelido pra arrasar, pra ficar quieta. Já viram gordas trabalhando? Poucas: gorda tem de ir pra Spa; gorda não sabe fazer nada, gorda ocupa espaço, gorda é lerda... Esse é o pensamento do empregador.

Porém a pior das discriminações é contra os deficientes. Ser deficiente é uma coisa; ser ineficiente é outra. Mas parece que o negócio anda meio misturado...

Quantas vezes chamamos as pessoas pelo defeito exposto e não pelo seu nome? É o vesgo, o narigudo, o orelhudo, o fanhoso, o manco, o albino, o gordo, o magrão, o careca... Já presenciei um homem de 1.95 mt ser chamado de anãozinho... Ainda tem o lado irônico da coisa.

Onde o preconceito mais funciona é quando saímos à procura de trabalho. Quantos não conseguem emprego por sua massa corporal não entrar nos padrões exigidos de boa aparência?
Os velhos acumularam conhecimento durante anos e depois não servem mais, a não ser que sejam liberais. Caso contrário são desprezados e tratados como se fossem bagaços.

Os jovens recém-formados também são discriminados. Nos classificados dos jornais a exigência do empregador é de que esses jovens tenham, no mínimo, 3 anos de experiência com-pro-va-da.

Com tudo isso entrego meus pontos: não consigo entender esse raciocínio. De onde esses jovens vão tirar os tais 3 anos de prática? Estágios? Não dão a vazão necessária.

O que faremos com aqueles milhões de empregos prometidos que ainda não vieram?

Liguei meus neurônios e consegui entender: aqueles milhões de empregos prometidos - que ainda não vieram - são para criaturas jovens, de fé, com experiência, brancas, magras, bonitas, nem altas, nem baixas e com uma saúde de ferro; e se forem homens, com cabelos; porque os carecas também estão no listão!

Enfim, coisas nossas, dos humanos.

sábado, 19 de maio de 2012





Por ti

Por ti, eu me fiz atalho,
Vereda, aleia, margem de caminho,
Agreste rota
Que a florir de sol se doura.
Por ti, eu me fiz estrela,
Esfera plácida que ilumina
Dá brilho e consome a vida.
Por ti, eu me fiz aragem,
Lento vento, doce brisa,
Volátil beijo e sutil desejo.
Por ti, eu me fiz mulher,
Embrulhei meus sonhos
Juntei-me a ti.
Dos sonhos me fiz poeta
Lira pura, serena prece,
Chegada e fim.

Por ti tornei-me espera,
Por ti eu me fiz amor.




Eloah


07 a 09 de junho de 2012
Campo Grande - Mato Grosso do Sul