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Reinações de Kauan |
De forma comum normalmente se tem a
ideia de que a brincadeira não passa de uma atividade que as crianças arrumam
para preencher seu tempo, já que nada podem fazer de tão importante para o bem
comum. Olhando por esse ponto de vista, as brincadeiras então, podem facilmente
serem excluídas pelos adultos da vida da criança, como dispensáveis, quando
existem outros interesses implicados na ocasião.
Entretanto, do ponto de vista
psicológico, as brincadeiras são importantes ensaios de situações que a criança
viverá no futuro e isso não está presente apenas nos humanos, mas, nos outros
animais também é prática instintiva ensaiar, sem compromisso com o sucesso, os
passos que deverá dar em direção à vida.
Brincadeiras infantis estão repletas
de experiências fundamentais no desenvolvimento da mente e definem de forma
muito importante traços da capacidade emocional.
Sentimentos de amor e ódio que
permearão toda a vida da criança estão a sua disposição nas brincadeiras para
serem conhecidos e experimentamos, sem que influenciem sua vida, de forma
comprometedora. Durante suas experiências nas brincadeiras poderá matar ou amar
loucamente tudo e todos que desejar, em sua imaginação. Situações de paixões
arrebatadoras e sentimentos de intensa rivalidade, ainda proibidos para a
criança, descobrem nas brincadeiras um laboratório de importância essencial.
A mulher que pôde brincar de ser mãe
quando era menina e que desejou isso, cria um espaço interno que comportará
essa função de forma muito bonita na vida adulta.
Da mesma forma, o garotinho que pôde
lutar com o rival e aniquilar seu inimigo, em suas brincadeiras, têm maior
chance de resolver problemas dessa ordem e não repetir esse tipo de
comportamento de forma comprometedora em sua vida adulta.
Melanie Klein (1882-1960), pensadora
austríaca, nome mais importante depois de Sigmund Freud (1856-1939) para a
psicanálise, publica em 1932 A psicanálise da criança, onde propõe a
ludoterapia como recurso principal no tratamento psicológico de crianças. A
palavra lúdico, de onde vem ludoterapia, significa brincadeira e tem sua origem
no Latim “illusio”, propondo a ilusão como o ensaio do que será real. A
pensadora propõe a brincadeira como libertadora de sentimentos reprimidos na
vida emocional da criança, permitindo uma adequação no seu funcionamento
mental.
Nada mais banal do
que os interesses que os adultos defendem; nada mais importante do que os temas
das brincadeiras infantis.
Magnólia
ResponderExcluirSempre deixei fluir a criança que existe em mim, e parece que deu certo, minha filha me acha divertida e meus amigos também. A vida não pode ser tão rígida, brincar é sempre muito gostoso e faz bem para a criança.
Um excelente texto.
Saudades.
Bjs