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quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Didática da Professora Enrolona


Desde que li um post sobre os professores enrolões, que adoram passar seminários para os alunos darem aula no lugar do mestre, fiquei com vontade de fazer esse post para tratar de dois mitos que comumente acabam por mesclar-se em meio a esses debates sobre didática. O primeiro mito é o de que professor moderno não dá aula expositiva e o segundo é o mito de que o seminário dispensa a atuação do professor. Duas tolices que não encontram amparo em nenhuma publicação séria sobre a didática, mas são dogmas da “Didática Antipedagógica da Professora Enrolona”. Para ser uma boa professora enrolona, o primeiro mandamento a ser seguido é o de recusar-se a dar aula expositiva, essa coisa chata, cansativa, enfadonha e fora de moda. Aula expositiva requer domínio de conteúdo, competência na oralidade, competência no gerenciamento do tempo pedagógico, habilidade na utilização de recursos escritos (a boa e velha lousa ou transparências/slides com textos, gráficos, tabelas etc.) e outros recursos visuais.
Ora! É trabalho demais! A enrolona, moderna toda, não trabalha: faz os outros trabalharem por ela. Assim, aula expositiva está fora de cogitação. E, como argumento fundamental para justificar sua não-atuação em sala, recorre à falácia de que ninguém ensina ninguém, o aluno só aprende de verdade sozinho e com seus colegas. É mesmo muito fácil distorcer avanços na teoria pedagógica para satisfazer a preguiça e ocultar a incompetência. É verdade que o papel ativo do aluno é ponto central nas didáticas contemporâneas, mas isso não significa varrer o professor da sala de aula. Em contexto educacional, o aluno só é ativo quando o professor lhe proporciona situações didáticas que lhe permitam ser ativo. Dizer “virem-se” não é uma situação didática, é uma situação de abandono didático. Se o professor abandona o processo de ensino, o aluno abandona o processo de aprendizagem. Acabou-se.
Mas a enrolona vai contra-argumentar “nas aulas expositivas o aluno não pode ser ativo, pois quem expõe é o professor”. Quem expõe é o professor, mas o aluno participará se o professor permitir que ele pergunte, faça ponderações, e se ele for questionado sobre o tema que está sendo exposto. Diálogo é uma coisa muito antiga, do tempo das cavernas, não há criatura humana que o desconheça. Estabelecer o diálogo em sala de aula é uma estratégia pedagógica que enriquece a aula expositiva. Aquela exposição “monologada”, na qual o professor é o detentor absoluto do saber, está, de fato, superada. Aliás, fazer monólogo em sala de aula é ser tão enrolão quanto não dar aula expositiva jamais. Com tanto acesso fácil à informação, não faz sentido o professor achar que seus monólogos são a única fonte do saber na face da Terra. E é justamente por ter tanto acesso à informação que o aluno precisa da intervenção pedagógica do professor para que aprenda a reter o que é relevante, pertinente e de boa qualidade, num diálogo qualificado e proveitoso, sob a orientação didática do competente professor. E porque frisar qualificado e proveitoso? Porque a enrolona, esperta toda, adora deixar os alunos abrirem o falador em sala e terem verborragias recorrentes para que ela não precise dar aulas. Segundo o manual antipedagógico da professora enrolona, tudo é motivo para os alunos contarem causos, falarem da novela, do Fantástico, do BBB e, na falta total de assunto, contar receita de bolo. Vale tudo e a boa enrolona precisa saber dar o fio da meada logo nos primeiros minutos de aula para os alunos desenrolarem o novelo durante as duas horas seguintes.
Mas e o seminário? Reza a cartilha da enrolona que o seminário é tudo quando se trata de didática moderna: o aluno pesquisa, mergulha no assunto, desenvolve o tema e termina a cadeira com o conhecimento na ponta da língua. De fato, o seminário pode ser uma excelente ferramenta para desenvolver tudo isso. Mas o que os professores seminaristas mais fazem nas universidades (e isso por pura falta de formação didática misturada à preguiça e esperteza) é: vire-se, aluno!
Seminário não é mandar o aluno se virar para ensinar o programa do curso no lugar do professor, mas costuma-se pensar que seminário é isso. Ora, o seminário, ainda mais do que a aula expositiva, exige atuação constante do professor. Ao longo da preparação dos seminários, é o professor quem:


É quase uma orientação de TCC, pois exige acompanhamento e intervenção pedagógica constante, até o produto final. Mas é claro que isso não consta no manual didático da enrolona. A professora enrolona se vale da ignorância dos alunos sobre didática e fica na moita, só na encolha, ganhando seu dinheirinho à custa do trabalho desorientado de seus pupilos. A única coisa que a tia enrolona ensina de fato, e isso ninguém pode negar, é a receita da malandragem em contexto escolar: eu finjo que ensino, tu finges que aprende e, no final, todo mundo é aprovado e eu embolso a minha grana. Para o aluno enrolão (esse também existe), a tia enrolona é a professora perfeita. Mas tomem cuidado, pupilos desavisados, pois existe tia que além de enrolona é traíra: embolsa o salário sem ensinar nada e, ainda por cima, reprova o aluno! Aliás, esse é mais um mandamento que consta da “Didática Antipedagógica da Professora Enrolona”: o bom professor reprova pelo menos 25% da turma!
ps: Quem quiser um excelente estudo sobre aplicação de técnicas de ensino (o que inclui o seminário e a aula expositiva), sugiro o livro “Técnicas de Ensino: Por que Não?”, organizado por Ilma Passos Alencastro e publicado pela Papirus. Esse livro é oposto da “Didática Antipedagógica da Professora Enrolona”.


Escrito por Amanda Costa

terça-feira, 27 de abril de 2010

Palestra do Içami Tiba

Palestra do Içami Tiba, Psiquiatra, em Curitiba:


1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.
2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar alguém com internet, som, tv, etc.
3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.
4. Confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.
5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem. Conhecer camisinha e não usar significa que não se tem o conhecimento da prevenção que a camisinha proporciona.
6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai disse que não ganhará doce, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer.
7. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.
8. Temos que produzir o máximo que podemos, pois na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio. Não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.
9. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer. E o prazer é inconsequente, pois aquela informação, de que droga faz mal, não está gerando conhecimento.
10. A gravidez é um sucesso biológico, e um fracasso sob o ponto de vista sexual.
11. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para da droga fazer uso. A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.
12. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.
13. Homem não gosta quando a mulher vem perguntar: 'E aí, como foi o seu dia?'. O dia, para o homem, já foi, e ele só falará se tiver alguma coisa relevante. Não quer relembrar todos os fatos do dia..
14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.
15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.
16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se desistir ou for mal na faculdade.
17. Quem educa filho é pai e mãe. Avós não podem interferir na educação do neto, de maneira alguma. Jamais. Não é cabível palpite. Nunca.
18. Mães, muitas são loucas. Devem ser tratadas. (palavras dele).
19. Se a mãe engolir sapos do filho, a sociedade terá que engolir os dele.
20. Videogames são um perigo. Os pais têm que explicar como é a realidade. Na vida real, não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.
21. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.
22. Pai não pode explorar o filho por uma inabilidade que o próprio pai tenha. 'Filho, digite tudo isso aqui pra mim porque não sei ligar o computador'. O filho tem que ensiná-lo para aprender a ser líder.Se o filho ensina o líder (pai), então ele também será um líder. Pai tem que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível o pai pagar para falar com o filho que mora longe.
23. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. Não há hierarquia. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.
24. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.
25. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que saber qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto que isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.
26. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Tem que controlar e ensinar a gastar.
Dr. Içami Tiba:
Médico pela Faculdade de Medicina da USP. Psiquiatra pelo Hospital das Clínicas da FMUSP.. Professor-Supervisor de Psicodrama de Adolescentes pela Federação Brasileira de Psicodrama. Membro da Equipe Técnica da Associação Parceria Contra Drogas - APCD. Membro Eleito do Board of Directors of the International Association of Group Psychotherapy. Conselheiro do Instituto Nacional de Capacitação e Educação para o Trabalho "Via de Acesso". Professor de diversos cursos e workshops no Brasil e no Exterior. Criou a Teoria Integração Relacional, na qual se baseiam suas consultas, workshops, palestras, livros e vídeos. Em pesquisa realizada em março de 2004, pelo IBOPE, entre os psicólogos do Conselho Federal de Psicologia, os entrevistados colocaram o Dr. Içami Tiba como terceiro autor de referência e admiração - o primeiro nacional. •
1º- lugar: Sigmund Freud,2º- lugar: Gustav Jung, 3º- lugar: Içami Tiba.

domingo, 25 de abril de 2010

Congresso Internacional sobre Formação de Professores - Maceió -AL

Local do evento: Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso
08 a 10 de julho de 2010.


Alguns Convidados: Eduardo Shinyashiki
Max Haetinger
Vasco Moretto
Rui Trindade
Celso Vasconcelos
Ariana Cosme...







quinta-feira, 22 de abril de 2010

VI Seminário de Formação e Valorização Profissional 2010

Tema: Gestão Democrática, Currículo, Conhecimento e Cultura.
Palestrantes: Paulo Alves da Silva -Analista em Políticas Educacionais - MEC
                    Maria Luiza Martins Aléssio - MEC

Slide 32
"A gestão democrática da escola significa a articulação entre instrumentos formais - eleição de direção, conselho escolar, descentralização financeira - e práticas efetivas de participação, que conferem a cada escola a capacidade de articular a diversidade e construir  singularidades, integrando  um sistema de ensino que, também democraticamente, promova a participação nas políticas educacionais mais amplas".
"A escola de que precisamos é aquela que. sem abandonar o ideal de uma formação humanística integral, preocupe-se, acima de tudo, com a recuperação da auto-estima de seus alunos, como pré-requisito para o exercício de suas capacidades intelectuais. ... A escola de nosso tempo e lugar tem de saber articular as redes comunitárias de solidariedade, ao invés de permanecer um corpo estranho e hostil na comunidade, beneficiando-se e contribuindo para articulação institucional das várias políticas sociais destinadas a combater a exclusão social. (Zaidan, 2003)."

"A democracia não é um fim em si mesma; é uma poderosa e indispensável ferramenta para a construção contínua da cidadania, da justiça social e da liberdade compartilhada (Cortela, 2005)"

O que estamos entendendo pela palavra currículo?
  À palavra currículo associam-se distintas concepções;

 Diferentes fatores sócio-econômicos, políticos e culturais contribuem, assim, para que currículo venha a ser entendido como:
(a) os conteúdos a serem ensinados e aprendidos;
(b) as experiências de aprendizagem escolares a serem vividas pelos alunos;
(c) os planos pedagógicos elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais;
(d) os objetivos a serem alcançados por meio do processo de ensino;
(e) os processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e nos procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarizaçã.
...


sexta-feira, 16 de abril de 2010

A importância da Formação Continuada do Professor


A evolução da carreira de um profissional depende da sua formação, dos investimentos em cursos de especialização e atualização, que complementam as ideias já adquiridas, modificando-as e atualizando-as em novos conceitos.
A atualização de um profissional é importante, pois à medida que as teorias vão sendo testadas e experimentadas, abrem-se novas linhas de pesquisas e de conclusões, levando a novos caminhos, a outras formas de se aplicar tais conhecimentos, normalmente com técnicas mais aprimoradas.
No campo de atuação dos profissionais de educação, esses conceitos não são diferentes.
De acordo com o sociólogo suíço Phillippe Perrenoud, um dos aspectos mais importantes da reciclagem de professores diz respeito às suas competências básicas, a que classificou em dez elementos distintos, como:
1. Organizar e animar situações de aprendizagem;
2. Gerir a progressão das aprendizagens – idealizar e administrar situações-problema ajustadas aos níveis e possibilidades dos alunos;
3. Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação – conduzir a heterogeneidade dentro de uma classe;
4. Implicar os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho – suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com os conhecimentos, o sentido do trabalho escolar, e desenvolver a capacidade de autoavaliação na criança;
5. Trabalhar em equipe – elaborar um projeto de equipe com representações comuns;
6. Participar da gestão da escola – elaborar e negociar um projeto para a escola;
7. Informar e sugerir aos pais – animar reuniões de informação e de debate;
8. Utilizar tecnologias novas – empregar softwares de edição de documentos;
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão;
10. Gerir sua própria formação contínua.

Desenvolvendo um trabalho a partir dessas competências, o educador será capaz de se autoavaliar, elaborando em si a consciência sobre o nível de suas competências, podendo proceder para práticas mais apropriadas e inovadoras, promovendo a motivação dos alunos e atingindo maior aprimoramento profissional.
O sociólogo propõe ainda que o trabalho pedagógico esteja voltado para um “trabalho de equipe, através de projetos que desenvolvam autonomia, responsabilidades crescentes, pedagogias diferenciadas, centralização sobre os dispositivos e as várias situações de aprendizagem”.
É importante a participação da escola nesse processo de formação contínua, pois o grande interesse em manter os alunos na instituição é da direção. Para que isso aconteça, é necessário que a mesma institua reuniões de grupos de estudo, agenciem debates de temas presentes nas práticas educativas da instituição, contrate profissionais mais experientes e especialistas para oferecer cursos e palestras, participação de seus profissionais em feiras educativas e congressos, dentre outros.

                                                                    Mundo Educação » Educação » Formação Contínua

A música e o desenvolvimento da inteligência

A evolução intelectual do aluno, para que esse tenha um desempenho significativo, requer elementos que contribuam tanto na participação do aluno quanto na estimulação para aprendizagem dos conteúdos.
A prática educativa associada à linguagem musical apresenta relevantes desenvolvimentos no aspecto de conteúdo, cognição e interação entre crianças, além de exercer papel de mediador. A teoria das inteligências múltiplas considera a música como uma delas.
Segundo Gardner (1995, pág. 21) “Uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural.”
A inteligência musical é caracterizada pela habilidade de reconhecer sons e ritmos, ter gosto por tocar um instrumento ou cantar.
Quando um professor realiza uma atividade com seus alunos que envolve a musicalização, propicia a eles, de acordo com a forma de aplicação, o estímulo de movimentos específicos que auxiliam na organização do pensamento, além de favorecer a cooperação e comunicação das atividades que são realizadas em grupo.
É essencial que o professor, além das atividades trabalhadas no dia-a dia em sala de aula, trabalhe de forma paralela conteúdos relacionados com as letras das músicas cantadas.
A música pode tornar o ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, visto que propicia uma sensação diferenciada ao ambiente escolar, proporcionando satisfação àqueles que dele participam.