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sábado, 13 de abril de 2013

O Coordenador Pedagógico: dificuldades encontradas em seu cotidiano.



O coordenador pedagógico não é o detentor de todas as respostas para os encaminhamentos pedagógicos e resoluções de conflitos que inquietam a equipe docente. Desta forma, é ele que deve sensibilizar seu saber-fazer de maneira a não unilateralizar as tomadas de decisão, como se tivesse todas as respostas. De acordo com Lima (2007), este saber-fazer parte de uma concepção sensível da realidade, onde o mais importante é se trabalhar a possibilidade de intervenção pedagógica pela necessidade do grupo, pela identificação das manifestações que impactam mais e de forma significativa estudantes e professores, não somente causando prazer na organização da escola, mas promove à reflexão, o desafio, a significação da trajetória histórica em que vivem e desta, numa contextualização social, da qual a escola não está à margem.
De acordo com Piletti (1998, p. 125), as atribuições do coordenador pedagógico podem ser listadas em quatro dimensões, onde acompanha o professor em suas atividades de planejamento, docência, fornece subsídios que permitam aos mesmos atualizarem-se e aperfeiçoarem-se constantemente em relação ao exercício profissional; promovem reuniões, discussões e debates com a população escolar e a comunidade no sentido de melhorar sempre mais o processo educativo; estimula o desenvolvimento de suas atividades com entusiasmo, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos problemas que surgem no dia a dia.
            Ao coordenador pedagógico cabe o sucesso da vida escolar e encaminhamentos que são pertinentes as problemáticas que se sucedem no cotidiano, sendo que muitas vezes o mesmo é rotulado por desconhecer as suas atribuições, sendo utilizadas metáforas como “bom-bril” (mil e uma utilidades), “bombeiro” (aquele que é responsável por apagar os fogos dos conflitos discentes e docentes), “salvador” da escola (aquele que é responsável por responder pelo desempenho dos professores na prática cotidiana e do aproveitamento dos alunos). Além das metáforas destacadas, surgem outras que o define como o profissional que assume uma função de gerenciamento na escola, que atende pais, alunos, professores e também se responsabiliza pela maioria das “emergências” que lá ocorrem, ou seja, é aquele que “resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela vida acadêmica da escola. Desta forma, as crenças institucionais e de senso comum, fazem com que o próprio coordenador incorpore este “modelo”, onde o mesmo se desorienta e quase perde a sua identidade profissional. Assim, o cotidiano das escolas e algumas crenças existentes no interior das mesmas inviabilizam a reflexão sobre suas práticas, perspectivas e possibilidades de intervenção no universo docente, dificultando a definição do seu campo de atuação na escola, por não ter claro o seu próprio papel ou mesmo abrindo mão por conta das crenças auto realizadoras que se encontram no interior das mesmas.
Uma das atribuições do coordenador pedagógico é a formação continuada desenvolvida junto aos professores, necessitando estar articulado aos princípios pedagógicos da escola, por meio de uma leitura sistemática e intencional da realidade contextual. Entretanto, são inúmeras as questões que são colocadas para o mesmo resolver, inclusive a ausência do restante da equipe técnica, onde está atribuição não é suficientemente desenvolvida. Na tentativa de responder a todas às demandas da escola, este se afasta de seu referencial atribuitivo, não as negando, mas por meio de um trabalho intencional, planejado e contextualizado orienta-as pela conscientização de suas atribuições e de seu papel referencial de coordenador de ações. A instabilidade do profissional faz com que ele se sinta perdido, onde não sabe quem é e quem é o seu grupo de professores e quais suas necessidades, não possui consciência de seu papel de orientador e diretivo, elogia, mas não tem coragem de criticar, ou muitas vezes apenas critica e não instrumentaliza cobrando sem a devida orientação. São inúmeros os conflitos pelos quais o coordenador pedagógico passa, constrangendo-se ao abordar questões evidentes que concorrem para um mau andamento do trabalho pedagógico, omitindo-se, confundindo a atribuição de seu papel profissional com imposições normativas, bem como democracia, autoridade e autoritarismo, ficando sem norte e não raras vezes se sentindo perdido. O trabalho pedagógico merece um outro olhar, onde se de relevância ao seu trabalho na escola, mediando-o por meio do equilíbrio de suas atribuições como um dos eixos imprescindíveis às práticas pedagógicas sistematizadas onde cada um e todos se tornam corresponsáveis pelo processo ensino-aprendizagem.
O coordenador pedagógico sofre com a sobrecarga, se tornando um faz tudo na escola, ficando sob sua responsabilidade realizar trabalhos burocráticos e de secretaria, substituir professores, resolver problemas com os pais e alunos. Desta forma, enfrenta o desafio de construir seu novo perfil profissional, delimitando seu espaço de atuação. Assim, de acordo com Fonseca (2001) se faz necessário que o coordenador pedagógico resgate a intencionalidade de sua ação dentro da escola possibilitando a (re) significação do seu trabalho, devendo aglutinar pessoas em torno de uma causa comum, gerando solidariedade, parceria, construindo a unidade e não a uniformidade, superando caráter fragmentário das práticas em educação, possibilitando a continuidade da linha de trabalho na instituição, racionalizando os esforços e recursos (eficiência e eficácia) para atingir fins essenciais do processo educacional. O mesmo deve ser um canal de participação efetiva, superando as práticas autoritárias e/ou individualistas e ajudando a superar as imposições ou disputas individualistas, de acordo com a existência de um referencial construído e assumido coletivamente, além de aumentar o grau de realização, ou seja, satisfação do trabalho, sendo um instrumento de transformação da realidade, resgatando a potência, fortalecendo o grupo para enfrentar os conflitos, contradições e pressões, avançando na autonomia e na criatividade e distanciando-se dos modismos educacionais, colaborando na formação dos participantes.
O coordenador pedagógico é aquele que garante o espaço da dialogicidade, fortalecendo a vitalidade projetiva do agrupamento, atendendo as perspectivas da comunidade extraescolar na luta por uma educação de qualidade e primando pela superação dos obstáculos que inviabilizam as ações coletivas, cabendo ao mesmo exercer o oficio de coordenar para educar.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS


LIMA, P. G. e SANTOS, S. M. O coordenador pedagógico na educação básica: desafios e perspectivas. Obra retirada da Biblioteca virtual do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica. Disponível em: <http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufsc.