O coordenador
pedagógico não é o detentor de todas as respostas para os encaminhamentos
pedagógicos e resoluções de conflitos que inquietam a equipe docente. Desta
forma, é ele que deve sensibilizar seu saber-fazer de maneira a não
unilateralizar as tomadas de decisão, como se tivesse todas as respostas. De
acordo com Lima (2007), este saber-fazer parte de uma concepção sensível da
realidade, onde o mais importante é se trabalhar a possibilidade de intervenção
pedagógica pela necessidade do grupo, pela identificação das manifestações que
impactam mais e de forma significativa estudantes e professores, não somente
causando prazer na organização da escola, mas promove à reflexão, o desafio, a
significação da trajetória histórica em que vivem e desta, numa contextualização
social, da qual a escola não está à margem.
De acordo com Piletti (1998, p. 125), as
atribuições do coordenador pedagógico podem ser listadas em quatro dimensões,
onde acompanha o professor em suas atividades de planejamento, docência, fornece
subsídios que permitam aos mesmos atualizarem-se e aperfeiçoarem-se
constantemente em relação ao exercício profissional; promovem reuniões,
discussões e debates com a população escolar e a comunidade no sentido de
melhorar sempre mais o processo educativo; estimula o desenvolvimento de suas
atividades com entusiasmo, procurando auxiliá-los na prevenção e na solução dos
problemas que surgem no dia a dia.
Ao
coordenador pedagógico cabe o sucesso da vida escolar e encaminhamentos que são
pertinentes as problemáticas que se sucedem no cotidiano, sendo que muitas
vezes o mesmo é rotulado por desconhecer as suas atribuições, sendo utilizadas
metáforas como “bom-bril” (mil e uma utilidades), “bombeiro” (aquele que é
responsável por apagar os fogos dos conflitos discentes e docentes), “salvador”
da escola (aquele que é responsável por responder pelo desempenho dos
professores na prática cotidiana e do aproveitamento dos alunos). Além das
metáforas destacadas, surgem outras que o define como o profissional que assume
uma função de gerenciamento na escola, que atende pais, alunos, professores e
também se responsabiliza pela maioria das “emergências” que lá ocorrem, ou
seja, é aquele que “resolve tudo” e que deve responder unidirecionalmente pela
vida acadêmica da escola. Desta forma, as crenças institucionais e de senso
comum, fazem com que o próprio coordenador incorpore este “modelo”, onde o
mesmo se desorienta e quase perde a sua identidade profissional. Assim, o
cotidiano das escolas e algumas crenças existentes no interior das mesmas
inviabilizam a reflexão sobre suas práticas, perspectivas e possibilidades de
intervenção no universo docente, dificultando a definição do seu campo de
atuação na escola, por não ter claro o seu próprio papel ou mesmo abrindo mão
por conta das crenças auto realizadoras que se encontram no interior das
mesmas.
Uma das atribuições do coordenador pedagógico é a
formação continuada desenvolvida junto aos professores, necessitando estar
articulado aos princípios pedagógicos da escola, por meio de uma leitura
sistemática e intencional da realidade contextual. Entretanto, são inúmeras as
questões que são colocadas para o mesmo resolver, inclusive a ausência do
restante da equipe técnica, onde está atribuição não é suficientemente desenvolvida.
Na tentativa de responder a todas às demandas da escola, este se afasta de seu
referencial atribuitivo, não as negando, mas por meio de um trabalho
intencional, planejado e contextualizado orienta-as pela conscientização de
suas atribuições e de seu papel referencial de coordenador de ações. A
instabilidade do profissional faz com que ele se sinta perdido, onde não sabe
quem é e quem é o seu grupo de professores e quais suas necessidades, não
possui consciência de seu papel de orientador e diretivo, elogia, mas não tem
coragem de criticar, ou muitas vezes apenas critica e não instrumentaliza
cobrando sem a devida orientação. São inúmeros os conflitos pelos quais o
coordenador pedagógico passa, constrangendo-se ao abordar questões evidentes
que concorrem para um mau andamento do trabalho pedagógico, omitindo-se,
confundindo a atribuição de seu papel profissional com imposições normativas,
bem como democracia, autoridade e autoritarismo, ficando sem norte e não raras
vezes se sentindo perdido. O trabalho pedagógico merece um outro olhar, onde se
de relevância ao seu trabalho na escola, mediando-o por meio do equilíbrio de
suas atribuições como um dos eixos imprescindíveis às práticas pedagógicas
sistematizadas onde cada um e todos se tornam corresponsáveis pelo processo
ensino-aprendizagem.
O coordenador pedagógico sofre com a sobrecarga, se
tornando um faz tudo na escola, ficando sob sua responsabilidade realizar
trabalhos burocráticos e de secretaria, substituir professores, resolver
problemas com os pais e alunos. Desta forma, enfrenta o desafio de construir
seu novo perfil profissional, delimitando seu espaço de atuação. Assim, de
acordo com Fonseca (2001) se faz necessário que o coordenador pedagógico
resgate a intencionalidade de sua ação dentro da escola possibilitando a (re)
significação do seu trabalho, devendo aglutinar pessoas em torno de uma causa
comum, gerando solidariedade, parceria, construindo a unidade e não a
uniformidade, superando caráter fragmentário das práticas em educação, possibilitando
a continuidade da linha de trabalho na instituição, racionalizando os esforços
e recursos (eficiência e eficácia) para atingir fins essenciais do processo
educacional. O mesmo deve ser um canal de participação efetiva, superando as
práticas autoritárias e/ou individualistas e ajudando a superar as imposições
ou disputas individualistas, de acordo com a existência de um referencial
construído e assumido coletivamente, além de aumentar o grau de realização, ou
seja, satisfação do trabalho, sendo um instrumento de transformação da
realidade, resgatando a potência, fortalecendo o grupo para enfrentar os
conflitos, contradições e pressões, avançando na autonomia e na criatividade e
distanciando-se dos modismos educacionais, colaborando na formação dos participantes.
O coordenador pedagógico é aquele que garante o
espaço da dialogicidade, fortalecendo a vitalidade projetiva do agrupamento,
atendendo as perspectivas da comunidade extraescolar na luta por uma educação
de qualidade e primando pela superação dos obstáculos que inviabilizam as ações
coletivas, cabendo ao mesmo exercer o oficio de coordenar para educar.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, P.
G. e SANTOS, S. M. O coordenador pedagógico na educação básica: desafios e
perspectivas. Obra retirada da Biblioteca virtual do Curso de
Especialização em Coordenação Pedagógica. Disponível em: <http://coordenacaoescolagestores.mec.gov.br/ufsc.