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domingo, 25 de novembro de 2012

Cláudia Costin, NÃO!



Alguns educadores de diversas universidades brasileiras organizaram uma petição pública repudiando a indicação de Clauda Costin para assumir a Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação em Brasília. Abaixo a petição e o link para quem quiser assinar e divulgar.



Cláudia Costin, NÃO! 

A privatização do ensino público, a fragmentação do trabalho docente, a perda da autonomia dos professores, a submissão estrita aos cânones neoliberais têm sido implementados por Cláudia Costin à frente da Secretaria Municipal da Educação na cidade do Rio de Janeiro.

Seu autoritarismo didático e de conteúdos, prescritos em cadernos e apostilas, emanado das orientações dos organismos internacionais ampliam o abandono da educação básica da grande maioria da população, historicamente relegada à carência de escolas e, mais recentemente, à desqualificação da educação nas escolas existentes. Além disso, no Rio de Janeiro, professores, gestores e funcionários tem sido alvo de aliciação pecuniária, os bônus financeiros, através de remuneração extraordinária pelo desempenho dos alunos, traduzido em um percentual de aprovação de alunos nas turmas e no conjunto da unidade escolar, como compensação aos baixos salários.

Não por caso, quando Ministra da Administração Federal e Reforma do Estado no governo FHC, foi uma das responsáveis pela idealização e implementação do desmonte do Estado, incluindo-se aí as privatizações ou a venda do país e a quebra da estabilidade dos servidores públicos.

Se confirmada Cláudia Costin à frente da Secretaria de Educação Básica, é esperada a descaracterização da educação fundamental e média com o apagamento do professor e do aluno como sujeitos históricos. Costin faz parte de um grupo de intelectuais que seguem a férrea doutrina do mercado, onde tudo vira capital, inclusive as pessoas. Não mais educação básica, direito social e subjetivo, mas escola fábrica de capital humano. Uma versão bastarda do ideário republicano de escola, como a define Luiz Gonzaga Belluzzo, em brilhante texto na Carta Capital de 29.08.2012,. Esta visão bastarda de educação objetiva apagar qualquer senso crítico dos alunos. Trata-se de transformar, para Belluzzo, recorrendo a Marshall Berman, a ação humana em repetições rançosas de papéis pré-fabricados, reduzindo os homens a indivíduos médios, reproduções de tipos ideais que incorporam todos os traços e qualidades de que se nutrem as comunidades ilusórias.

Delegar à administradora esse setor vital da educação brasileira é declinar de todos os embates e propostas da educação, em contraponto às políticas neoliberais dos anos 1990.

Professores, pesquisadores estudantes e suas entidades representativas vêm publicamente, protestar contra o arbítrio economicista, degradante e mutilador para a educação das gerações de jovens da educação básica que sua presença na SEB traria à educação básica, não apenas na cidade do Rio de Janeiro, mas em todo Brasil. Cláudia Costin, NÂO!

Texto coletivo dos abaixo assinados:

Dermeval Saviani –Unicamp
Mirian Jorge Warde – PUC-SP
Roberto Leher - UFRJ
Gaudêncio Frigotto – UERJ
Virginia Fontes- UFF/Fiocruz
Maria Ciavatta - UFF
Dante Henrique Moura - IFRN
Vânia Cardoso Motta - UFRJ
Eveline Algebaile – UERJ
Domingos Leite Filho. UTPr
Sônia Maria Rummert - UFF
Marise Ramos –UERJ e FIOCRUZ
Olinda Evangelista – UFSC
Domingos Leite Filho - UTPr
Laura Fonseca – UFRGS
Carmen Sylvia Morais - USP
Sônia Kruppa - USP

Os signatários


domingo, 18 de novembro de 2012

TER CONSCIÊNCIA NEGRA... VIVA ZUMBI E TODOS OS GANGAS!






É de suma importância que todos nos unamos em torno das lutas diárias do povo afro-ameríndio. No mínimo, unir forças, promover ações que edifiquem a consciência conjunta das lideranças, democratizando proposta é fortalecendo as realizações. Mas é preciso também ter cuidados, usar a consciência como fomentadora da inteligência para não fazer o jogo do inimigo, ou ser engabelado por ele no percurso da história, aliás, história essa muitas vezes deturpada ou esquecida por gente que só se enxerga em nome do seu bel prazer, etnocêntrico ou não.
Temos que ter consciência que o povo de Palmares lutou por um século nas mais adversas intempéries, no entanto, através da união, superaram a fome e o infortúnio da escravidão. Zumbi conviveu e herdou dos seus a CONSCIÊNCIA da luta pela vida, e vida com dignidade. Foi martirizado como tantos outros pelos algozes do colonialismo. Seu nome hoje resgatado como último ganga-comandante-em-chefe, inscrito no Tombo como Herói Nacional, herói do povo brasileiro.
Certamente diria Zumbi hoje: Estamos bem, estamos no caminho certo, está na hora de inculturar o necessário e politizar muito mais a luta para que nossa vitória seja completa. Temos um Estatuto da Igualdade Racial que é Lei; fomos vitoriosos sobre as cotas no STF por dez a zero, ganhamos no Senado Federal 50% das vagas para escolas públicas dentro das Universidades. Nossos cotistas provaram na pratica que são competentes nos estudos, apesar de todas as faltas de oportunidades, ou simplesmente, apesar de tudo que lhe foi negado, roubado, esteriotipado. Temos um Negro presidente do Supremo Tribunal Federal, Temos muito para refletir, analisar, fortalecer e comemorar.
É isso... Eu diria que nosso herói Zumbi quer mesmo é que fiquemos atentos como atalaias, para sermos sujeitos da história fazendo a sua parte sem esquecer o coletivo, não apenas das entidades negras, dos grupos culturais, das casas religiosas de matrizes africanas, dos quilombolas... Mas sim, de toda COMUNIDADE NEGRA E AFRO-AMERÍNDIA, sobretudo, as esquecidas nas favelas, nos lixões, nos grotões, nos cárceres, nas pedras do IML, nas esquinas sem futuro, nas salas de aula eurocêntricas, nos discursos equivocados e nas posturas egoístas.
Para que nossa CONSCIÊNCIA NEGRA seja completa precisamos enlaçar nossas mentes, nossas mãos, nossos pés e nossos corações em favor do nosso povo e em nome do Herói Nacional Zumbi dos Palmares.
AXÉ POVO DE ZUMBI! SARAVÁ N’ZAMBI!

Helcias Pereira
http://coletivoafrocaete.blogspot.com.br/


* Helcias Pereira é Membro do Mocambo ANAJÔ /APNs-AL, da Coordenação Nacional dos APNs do Brasil e Conselheiro Nacional de Promoção da Igualdade Racial / CNPIR-SEPPIR-PR  (9600-9941 – helcias.pereira@hotmail.com).

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Kauan


Há um ano fiz uma pequena homenagem a um  pequenino príncipe chamado Kauan, olha ele aí, tão pequeno, tão indefeso...


Hoje volto a fazer outra homenagem pelo seu primeiro aninho de vida, desejando que você abrace o mundo e comemore a sua existência, o fato de você existir já é para seus pais algo que deve ser para sempre comemorado e que  você conserve sempre para si as energias e a sensibilidade de sua infância.

Aí está kauan com 1 ano de vida.



Kauan,

O seu tempo é mágico.
Bruxas, fadas, duendes
povoam seus sonhos.
Na sua realidade
os brinquedos ganham vida
e tanta fantasia, às vezes espanta,
nos encanta.
De seu sorriso puro,
de sua ingenuidade,
a mentira não faz parte.
Você não tem vergonha
de extravasar sua sensibilidade.
Brinca,
pula,
grita,
chora,
reclama,
abraça,
faz graça,
não guarda rancor.
Não entende a dor,
o abandono,
pois você é amor.
Sonhe criança,
cresça,
mostre ao homem
que sua lição de verdade
pode conduzir à felicidade.


Que o papai do céu te conserve assim bem peralta, porque peraltice é sinal de inteligência  e saúde, essa criança cheia de vida  inteligente e terna, que todos os seus sonhos se realizem para que você seja sempre essa criança feliz e cheia de amor para repartir com todos que lhe querem bem.



O Lúdico e a Educação Infantil





     Quando está brincando, a criança cria situações imaginárias em que se comporta como se estivesse agindo no mundo dos adultos. Enquanto brinca, seu conhecimento se amplia, porque nesta atividade ela pode fazer de conta que age como os adultos agem, imaginando realizar coisas que são necessárias para operar com objetos, com os quais os adultos operam, e ela ainda não. Aí está presente o pensamento de Vygotsky (1991, p.117), o qual coloca que, “no brinquedo, a criança sempre se comporta além do que se espera de sua idade, além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que na realidade”. Assim, na brincadeira que é desenvolvida na Educação Infantil, a criança experimenta diferentes papéis sociais, funções sociais generalizadas a partir da observação do mundo dos adultos. Além de ser um espaço de conhecimento sobre o mundo externo (a realidade física e social), é na atividade lúdica que a criança também pode conviver com os diferentes sentimentos que fazem parte da sua realidade interior. 
As crianças constroem normalmente o seu próprio sistema de valores morais de acordo com seu grupo social e depois internaliza, baseando-se em sua própria necessidade de confiança com as outras pessoas. Esse é um processo verdadeiramente interior; por isso se faz necessário uma prática coerente, onde os valores, as atitudes e as normas estejam presentes desde as relações entre as pessoas até a seleção dos conteúdos. As brincadeiras permitem à criança realizar ações concretas, reais, relacionadas com sentimentos passagens e segundo o RCNEI (1998, p.27), “toda brincadeira é uma imitação transformada no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada”. 
Brincando a criança vai, pouco a pouco, organizando suas relações emocionais, o que vai dando a ela condições para desenvolver relações sociais, aprendendo a se conhecer melhor e a conhecer e aceitar a existência dos outros. Embora nem todas as necessidades e desejos da criança deem origem à brincadeira, e embora a criança não entenda as motivações que estão por trás de seus gestos e suas ações, o brinquedo é a atividade principal da criança em idade pré-escolar. 
A aprendizagem depende em sua maioria da integração dos fatores maturacionais, afetivos e psicomotores. As necessidades e os interesses da criança são mais importantes que qualquer outra razão para que ela se ligue a uma atividade. Ser esperta, independente, curiosa, ter iniciativa e confiança na sua capacidade de construir uma ideia própria sobre as coisas, assim como exprimir seu pensamento com convicção, são características que fazem a personalidade integral da criança, contribuindo para o seu desenvolvimento. Compreender a importância do brincar para a aprendizagem requer dos professores e outras pessoas envolvidas na educação e no cuidado das crianças  uma análise de modo efetivo e cuidadoso de suas próprias ideias sobre o brincar e o papel e status que atribuem a ele. Mas importante: elas precisam investigar e estabelecer de forma satisfatória o que significa brincar.

  REFERÊNCIAS: BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI. Brasília: MEC/SEF, 1998.  VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.  http://mariajprn.blogspot.com.br/2011/07/o-ludico-e-educacao-infantil.html.

sábado, 20 de outubro de 2012

Alagoas em foco, a educação infantil em destaque.






Encontro: Alagoas em foco, a educação infantil em destaque.

Realização: Setor de Estudos da Educação Infantil CEDU-UFAL e Fórum Alagoano em Defesa da Educação Infantil (FADEDI)
Detalhes do evento : Quando: 31/10/2012  das 09:00 até 16:30

PROGRAMAÇÃO:
9h: Abertura

9h30: Resultados da pesquisa Fundação Carlos Chagas/ Fundação Victor Civita sobre a situação da EI no
Brasil: Destaque para Alagoas - Edna Lopes e Telma Vitória

10h30: COMED – A Educação Infantil em pauta: Resolução EI, novos concursos para professores EI e
outros destaques - Sandra Regina e Ângela Soares

11h: PROINFÂNCIA em Alagoas: municípios atendidos, creches inauguradas, desafios e previsões – Geisa
Andrade

11h30: A situação das creches em universidades federais: destaque para o NDI/UFAL - Andreza Fabrício

12h: Debate

12h30: Intervalo para almoço e momento de autógrafos com a presença de alguns autores do livro
“Matemática na Educação Infantil”

14h: Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil - Perfil dos cursistas: Paulo Nin – A escrita
como formadora: Claudia Pimentel – A avaliação em foco: Lenira Haddad

15h: Brasil Carinhoso, Proinfância, formação continuada de professores da rede pública e proposições para
a Educação Infantil em Alagoas - Rita de Cássia de Freitas Coelho - Coordenadora Geral de Educação
Infantil/Ministério da Educação

16h - Debate

LOCAL: AUDITÓRIO DA BIBLIOTECA CENTRAL – UFAL
DATA: 31 DE OUTUBRO DE 2012
HORÁRIO: 9h às 16h30

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

IV Encontro Nacional de História




IV Encontro Nacional de História


Entre os dias 23 e 28 de outubro o Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Arte da Ufal sedia o IV Encontro Nacional de História. O evento será formado por atividades de debate e reflexão sobre a produção historiográfica com o objetivo de proporcionar a troca de ideias e informações, como também uma avaliação de diferentes teorias e métodos na História. As inscrições ocorrem pelo simposiotematicoufal@hotmail.com até o dia 29 de setembro, para aqueles que desejam apresentar trabalhos. No caso dos ouvintes, estes podem se inscrever até o dia 1º de outubro pelo endereço eletrônico encontrohis-toriaufal@hotmail.com.
PROGRAMAÇÃO

23 de Outubro de 2012
9h às 12h: Credenciamento. Local: Pátio do ICHCA.
14:30h às 16h: Documentário: 1912—O Quebra de Xangô. Debate com o diretor Siloé Amorim (UFAL). Local: Auditório da Reitoria.
17h às 17:30h: Abertura oficial - Rachel Rocha (UFAL); Clébio Araújo (UNEAL); Enildo Marinho (ICHCA); Raquel Parmegiani (Bacharelado); Ana Mónica Lopes (Licenciatura), Antonio Filipe P. Caetano (Mestrado) e Célia Nonata da Silva (Especialização). Coordenação de mesa: Clara Suassuna. Local: Auditório da Reitoria.
18h às 21h – Mesa de Abertura: “100 anos do Quebra-Quebra: Perspectivas do Xangô Rezado Alto” (1912-2012): Mãe Miriam Yabinã, Pai Manoel Xoroquê, Zezito Araújo (CESMAC). Coordenação de mesa: Irinéia Franco. Local: Auditório da Reitoria.

24 de Outubro de 2012
9h às 12h - Oficina: "Cultura e História Afro-Brasileira em Sala de Aula". Coord. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid-UFAL). Local: ICHCA.
14h – Simpósios Temáticos. Local: ICHCA.
19h30 – Mesa redonda 1: “Escravidão, Resistência e Movimento Negro”: Solange Rocha (UFPB), Rafael Sanzio (UnB), Marcelo Mac Cord (UFF).Coordenação de mesa: Ana Mónica Henrique Lopes. Local: Auditório do ICHCA.

25 de Outubro de 2012
9h às 12h - Oficina: "Cultura e História Afro-Brasileira em Sala de Aula". Coord. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid-UFAL). Local: ICHCA.
14h – Simpósios Temáticos. Local: ICHCA.
18h - Lançamentos de livros: Local: Pátio do ICHCA.
  1. Antonio Filipe Pereira Caetano (org.). Alagoas Colonial: Construindo Economias, Tecendo Redes de Poder e Fundando Administrações (Séculos XVII-XVIII). Recife: Edufpe, 2012.
  2. José Barbosa da Silva Filho. Ser negro na história e na sociedade brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Appris, 2012.
  3. Ulisses Neves Rafael. “Xangô rezado baixo: religião e política na primeira República”. Aracajú/Maceió: EDUFS/EDUFAL, 2012. 
19h30 – Mesa redonda 2: “Historiografia, Estudos e Documentação sobre o Quebra de Xangô”: Pai Célio Rodrigues (Casa de Iemanjá); Ulisses Neves Rafael (UFS), Clébio Araújo (UNEAL) e Edson Bezerra (UNEAL). Coordenação de mesa: Ana Paula Palamartchuk. Local: Auditório do ICHCA.

26 de Outubro de 2012
9h às 12h - Oficina: "Cultura e História Afro-Brasileira em Sala de Aula". Coord. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid-UFAL). Local: ICHCA.
14h – Simpósios Temáticos. Local: ICHCA.
19h30 – Palestra de Encerramento com João José Reis (UFBA). Coordenação de mesa: Gian Carlo de Melo Silva. Local: Auditório da Reitoria






sexta-feira, 12 de outubro de 2012

15 DE OUTUBRO.


SOU PROFESSOR(A)

“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição”. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.
Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê.
Não posso ser professor a favor simplesmente do homem ou da humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa.
Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura.
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar. ”
(Paulo Freire em Pedagogia da Autonomia, São Paulo, Paz e Terra, 2011)


domingo, 23 de setembro de 2012

ELA CHEGOU!!!






Suas flores nos parques
Praças e avenidas
Podemos avistar.
Ah! Primavera...
Nos deixa
Mais bonitas e
Sedutoras com
Vestidos floridos
As árvores se renovam
A vida se renova com
A vivacidade de suas cores
O coração baila novas
Melodias
Sucumbidos na fé
Seguimos em
Em frente em
Busca de
Novos
Horizontes!

Ivana 

A Bela Magnólia







Lindo presente me deste!
A magnólia já florida
Rescende do lado leste,
De cor-de-rosa vestida.

Alegra meu coração
Co'a beleza que me oferta,
Encantadora visão
Que o meu poetar desperta.

Floresceram os rebentos
Ao chegar do Fevereiro,
Depois foram meus alentos
Para a poder ver primeiro.

De flores maravilhosas,
Difíceis de descrever,
Com pétalas preciosas,
Toda a árvore a envolver.

Do que é belo me afastar,
É mesmo o que mais me custa,
Quero reter com o olhar
Esta imagem augusta.

Guardá-la bem na memória
Grata p'la recordação
Da Natureza flórea,
Que gera minha emoção!

Maria da Fonseca

Talvez uma das primeiras flores a aparecer no nosso planeta.
São flores breves, mas de grande beleza, que é imperioso "aproveitar" e reter na memória.

É poesia pura.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O brincar enquanto função mental


Reinações de Kauan


De forma comum normalmente se tem a ideia de que a brincadeira não passa de uma atividade que as crianças arrumam para preencher seu tempo, já que nada podem fazer de tão importante para o bem comum. Olhando por esse ponto de vista, as brincadeiras então, podem facilmente serem excluídas pelos adultos da vida da criança, como dispensáveis, quando existem outros interesses implicados na ocasião.
Entretanto, do ponto de vista psicológico, as brincadeiras são importantes ensaios de situações que a criança viverá no futuro e isso não está presente apenas nos humanos, mas, nos outros animais também é prática instintiva ensaiar, sem compromisso com o sucesso, os passos que deverá dar em direção à vida.
Brincadeiras infantis estão repletas de experiências fundamentais no desenvolvimento da mente e definem de forma muito importante traços da capacidade emocional.
Sentimentos de amor e ódio que permearão toda a vida da criança estão a sua disposição nas brincadeiras para serem conhecidos e experimentamos, sem que influenciem sua vida, de forma comprometedora. Durante suas experiências nas brincadeiras poderá matar ou amar loucamente tudo e todos que desejar, em sua imaginação. Situações de paixões arrebatadoras e sentimentos de intensa rivalidade, ainda proibidos para a criança, descobrem nas brincadeiras um laboratório de importância essencial.
A mulher que pôde brincar de ser mãe quando era menina e que desejou isso, cria um espaço interno que comportará essa função de forma muito bonita na vida adulta.
Da mesma forma, o garotinho que pôde lutar com o rival e aniquilar seu inimigo, em suas brincadeiras, têm maior chance de resolver problemas dessa ordem e não repetir esse tipo de comportamento de forma comprometedora em sua vida adulta.
Melanie Klein (1882-1960), pensadora austríaca, nome mais importante depois de Sigmund Freud (1856-1939) para a psicanálise, publica em 1932 A psicanálise da criança, onde propõe a ludoterapia como recurso principal no tratamento psicológico de crianças. A palavra lúdico, de onde vem ludoterapia, significa brincadeira e tem sua origem no Latim “illusio”, propondo a ilusão como o ensaio do que será real. A pensadora propõe a brincadeira como libertadora de sentimentos reprimidos na vida emocional da criança, permitindo uma adequação no seu funcionamento mental.
Nada mais banal do que os interesses que os adultos defendem; nada mais importante do que os temas das brincadeiras infantis.
 Renato Dias Martino

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL







Palestra da Prof. Maria Carmen Barbosa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sobre o brincar no 28. Simpósio Internacional da OMEP. 

Durante sua fala, Maria Carmen nos incita o tempo todo a pensar profundamente sobre o brincar e o nosso papel como educadoras e educadores da infância. Sua fala se iniciou com uma pergunta: É preciso brincar na escola de Educação Infantil? Para responder, a pesquisadora e professora dividiu sua fala em quatro pontos. São eles: A- Brincar é a capacidade de inventar mundo; B- brincar não é ato natural, mas uma aprendizagem cultural; C- Para brincar é preciso um lugar para fazer brincadeiras, tempo para inventá-la, vivenciá-la, materiais "ricos" e, de preferência muitos companheiros; D- Brincar não se contrapõe a aprender, mas é relacionar-se com o mundo do conhecimento e aprender de modo significativo. A - Brincar é a capacidade de inventar mundo Brincar está presente na nossa vida diária. Passamos oito horas dormindo e sonhando. Ao longo do tempo acordado temos momentos de devaneios, fantasiamos, inventamos. Imaginar e fantasiar faz parte de ser humano. A possibilidade de desenvolvimento dessa capacidade é afetada pelo contexto e a cultura de cada um. Imaginar e fantasiar são formações mentais que gera capacidades em seres humanos. Capacidade de criação humana. Através das brincadeiras as pessoas iniciam a construção de seus mundos imaginários. B- Brincar não é ato natural, mas umas aprendizagens culturais Todos nasceram com capacidade de interagir com o mundo que nos circunda. Temos capacidades de interação. Seres humanos são capazes de inventar, criar brincadeiras, criar regras. Mas a brincadeira é uma construção sócia- histórica, que precisa ser transmitida. Brincadeiras derivam muitas formas de lazer, recreação. Durante muito tempo crianças e adultos brincaram juntos. Brincadeiras mudam de nome nosso lazer, coisas de gostamos são também fontes de prazer e fazer compartilhado. Brincadeiras persistem, as novelas são ligadas ao faz de conta. Temos que pensar sobre isso. Transformamos possibilidade biológica em realidade cultural. Para as crianças pequenos atos dão inicio na formação do mundo simbólico. Elas internalizam aspirações do mundo em que vivem e fazem suas próprias relações. Ao brincar e imaginar constroem novos mundos e participam da cultura. Mães e professoras introduzem elementos culturais. Brinquedos estão inseridos na cultura, adultos apresentam para as crianças seus primeiros brinquedos. Adultos apresentem aquilo que consideram mais significativo. Crianças imitam os modos de usar, mas a partir de suas combinações inventam novas brincadeiras. Ao escolhermos formas, cores, tipos de brinquedo, não oferecemos apenas um objeto, mas sim um discurso simbólico. Esses brinquedos trazem narrativas. O que queremos oferecer as nossas crianças? Pergunta feita pelos adultos para escolher o quer disponibilizar as crianças. C- Para brincar é preciso um lugar para fazer brincadeiras, tempo  para inventá-la, vivenciá-la, materiais "ricos" e, de preferência muitos companheiros; Durante muito tempo, o tempo e o espaço para brincadeira foi assegurado para as crianças. Vida na cidade tem dificuldade de garantir espaços para o brincar das crianças. Francesco Tonucci aponta que os espaços da cidade tem deixado as crianças solitárias. Há um empobrecimento da experiência da brincadeira. A experiência do brincar dos adultos precisam nos fazer resistir a isso. Criar espaços para as crianças se encontrarem e brincarem. As escolas de Educação Infantil precisam ampliar e atualizar suas funções educativas. Educação Infantil é lugar onde crianças de diferentes idades se encontram e tem tempo e espaço para brincar. Diretrizes Curriculares Nacionais para a EI de 2009 reiteram a infância como período importante do desenvolvimento humano: aprender a conviver, a brincar, inventar e ser curioso, entre outros. Elementos significativos para nossa formação. Revelam uma mudança radical em relação a concepção de escola instruída pela sociedade no século XIX. Isso remete a uma mudança grande nos tempos, espaços das instituições, tornando os espaços que desafiem as crianças para o brincar. Cozinha pode também ser um espaço para o brincar, parque não é para recreação, mas um espaço de brincadeira. É preciso construir espaços de brincadeira, onde crianças possam ter contato com livros, experiências, etc. Isso exige uma outra forma de gestão da EI. Precisamos escutar mais os clássicos da EI, que foram esquecidos nos momentos em que as creches viraram escola. Que esses espaços sejam mais ricos, incitem a fantasia. Crianças de 0 a 6 anos não precisam trabalhar disciplinarmente. Os professores precisam saber disso, como as crianças constroem números, sabem sobre a natureza, etc... Esse patrimônio chega, mas não precisa chegar como disciplina, como aula de. Com materiais ricos, natureza, boa biblioteca, trabalho com música, esse patrimônio esta garantido. Mas alem de espaços e objetos, é preciso fundamentalmente tempo para brincar. Ter meia hora de parque por dia ou deixar as crianças sozinhas, sem ofertas de brincadeiras, é garantir o direito a brincadeira? É preciso tempo para brincar, um adulto que compartilhe, que saiba sobre o brincar. Professores são fundamentais para garantir uma cultura de brincar: apresentam novas brincadeiras, complexificam, outras vezes observam e vêem como as crianças prosseguem em seu brincar. Cada criança pode apresentar na brincadeira seu modo singular de ver o mundo, percebe-se através das brincadeiras a diversidade de classes, gêneros, etc. Escola que favorece a brincadeira é inclusiva. D- Brincar não se contrapõe a aprender, mas é relacionar-se com o mundo do conhecimento e aprender de modo significativo. O pensamento não é apenas individual. Nossa capacidade de pensar tem relação com co-construções. Hoje na ciência pensamos em grupos de pesquisa, construção em dialogo. Brincar é um modo de aprender coletivo e compartilhado. Aquilo que fica é aquilo que socialmente e emocionalmente tem valor para nós. Brincar forma desconstruirmos a nos mesmos como seres humanos. Terapias tem usado a brincadeira como conexão com as crianças. Brincadeiras mobilizam emoção, corpo, pensamento, tudo ao mesmo tempo. Crianças tomam iniciativas, criam narrativas, brincadeiras. Brincar cria perguntas e onde há perguntas há espaço para a construção do pensamento. Difícil convencer as famílias que a brincadeira é importante. Nossa sociedade preza muito a informação. Boaventura Souza santos, sociólogo português aponta: “o neoliberalismo é, antes de tudo, uma cultura de medo, de sofrimento e de morte para as grandes maiorias, se não se combater com eficácia, se não se lhe opuser uma cultura de esperança, de felicidade e de vida”. Escola não pode reduzir a vida das crianças a realidade como ela é. O brincar e as narrativas são instrumentos políticos, são eles que possibilitam ao outro a gentileza, a delicadeza inegociável da vida. Precisamos viabilizar na escola o direito de viver, explorar, conhecer e transformar o mundo. Instituição da Educação Infantil com alegria, esperança e vida para todos. Há a disposição natural dos seres humanos para brincar, mas se deixarmos crianças sozinhas espontaneamente, as brincadeiras serão empobrecidas. Nesse sentido, professores precisam ampliar repertórios. Nossa função é de ampliar mundos, enriquecer as brincadeiras. Brincadeiras é compreendida como deixar as crianças livres, mas organizar o currículo focado na brincadeira exige muito estudo e aprofundamento.