Desde que a doença do Ex-presidente Lula se tornou pública, li na rede e recebi vários emails sobre o assunto. Alguns de solidariedade, de pedidos de prece, felizmente, outros grosseiros e de mau gosto como é o preconceito e a intolerância. Devo confessar que, humana, algumas atitudes da minha espécie me indignam, me envergonham. Sei, pois aprendi a duras penas, que não basta nascer na espécie: humanidade se constrói.
Entendo os que silenciam, os que não torcem nem contra nem a favor, mas os que tripudiam, escarnecem da dor alheia, do sentimento da família e dos amigos de quem, como qualquer ser vivo, adoece, esgotam minha capacidade de compreensão, de entendimento.
Minha amiga, professora Gorete Amorim respondeu ao email em que partilhei a indignação do Jornalista Gilberto Dimnestaim, com uma reflexão emocionada e lúcida, que reproduzo aqui, pois concordo com cada palavra de tristeza e indignação mas principalmente, de sabedoria.
Edna,
"A miséria não se revela apenas pela carência material, até acredito que o excesso de condições materiais para alguns tem causado muita miséria humana. Quem é capaz de queimar um índio (pessoa) viva num banco de praça, de fazer pegas nas ruas e matar famílias, de explorar a prostituição de menores, etc, etc, que razão tem para olhar humanamente para alguém que se apresenta com uma doença grave? Que diferença tem a vida de alguém para quem não conhece essencialmente o valor da própria vida? Apesar de essas coisas acontecerem, não são a elas que devemos nos apegar, mas às atitudes de quem nos exemplifica com humanidade, solidariedade e amor incondicional. "A burguesia fede", mas não é casualmente que ela existe, lembra "Das crianças aprendem o que vivenciam"? Abraço, Gorete
Minha medida, minha referencia sempre será o que desejo a mim mesma, aos meus e a capacidade de me colocar no lugar do outro.
Reproduzo aqui o texto do Jornalista Gilberto Dimenstein. Faço também minhas suas reflexões e sua vergonha, que deveria ser a vergonha de quem tem respeito pela vida humana.
O câncer de Lula me envergonhou
Gilberto Dimenstein
Senti um misto de vergonha e enjôo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não me daria o trabalho de comentar.
O fato é que foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano. Pode sinalizar algo mais profundo.
Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?
Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.
No caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia alheia.
Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância.
Isso significa que um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportarem com um mínimo de decência.
*Gilberto Dimenstein, 54, integra o Conselho Editorial da Folha e vive nos Estados Unidos, onde foi convidado para desenvolver em Harvard projeto de comunicação para a cidadania.
Publicado no jornal Folha de São Paulo em 30/10/11
(Parabéns minha amiga Edna, concordo com você.)
Edna Lopes
http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=24584
"- Ensinar exige rigorosidade metódica; - Ensinar exige pesquisa; - Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos; - Ensinar exige criticidade; - Ensinar exige estética e ética; - Ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo; - Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação; - Ensinar exige reflexão crítica sobre a prática; - Ensinar exige o reconhececimento e a assunção da identidade cultural......"
Pesquisar este blog
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Lamentável que as pessoas possam tripudiar sobre o mal que acomete tanto pobres quanto ricos, pois pela lei da vida tudo está de acordo com o modo de ser e pensar, portanto....!!!
ResponderExcluirEu por mim sinto que ainda falta muito tempo para que todos possam entender a verdade da vida em questões espirituais, solidariedade, enfim!!!
Que pena! Que pena de espíritos assim, sem sensibilidade!!!
Boa postagem, portanto a vida sempre dá e tira de acordo com a necessidade!
Desejo pronto restabelecimento da saúde do ex-presidente, pois aqui nem se trata mais de política, mas de amor ao próximo!!!
Abraços!
Ivone poemas
henristo.blogspot.com
É amiga, não é o dinheiro ou a falta dele que se mede o medo , a tristeza, a incerteza, o sofrimento que a doença causa nas pessoas sejam quem forem, ou tratadas no SUS, ou não.
ResponderExcluirA falta da solidariedade no coração dos homens nos assusta e nos entristece.
Parabéns pelo Post.Vale refletir.
Tenhas uma semana feliz.Bjs Eloah
O ódio, ainda que pelo pior dos seres, é um sentimento apenas destrutivo que traz consigo a inveja, a vingança, o recalque, a baixa auto estima e a pequenez de caráter. Quem se sente feliz porque alguém está com câncer, também está doente, têm câncer espiritual!
ResponderExcluirNuma hora destas pensar em dar o troco? Isso no mínimo eu chamaria de golpe baixo. Esta hora, mentes mais evoluídas, esquecem o ódio, no mínimo. Isso não leva a nada. Que esse ser humano, que se chama Lula e que foi nosso ex-presidente, tenha melhoras, que seu tratamento dê certo. 'Baixar as armas' em certas horas é o mínimo que se espera.
ResponderExcluirGrande beijo, amiga.